TOMADA DE TESTEMUNHO
(transcrição)
Carlos Russo Júnior
28/9/2012
O autor é : Marcilândia Araújo, Maria Rita Kehl e José Luiz del Roio. O título é: Tomada de Testemunho de Carlos Russo Júnior.
Trata-se sobre o
depoimento da vítima civil Carlos Russo Júnior, feito na Comissão Nacional da
Verdade, no Gabinete da Presidência da República, em São Paulo, capital, onde
o Presidente, membro da comissão, Maria Rita Kehl, Márcia de Fátima
Araújo, assessora da comissão, e José Luiz Del Roio, fazem perguntas a Carlos Russo
Júnior onde ele relata sobre o principal foco que era o da prisão também relata vida linear, ou seja, explica sua história de
vida do começo ao fim: como conheceu sua esposa, e também como foi preso...
- CARLOS RUSSO JÚNIOR – "A história linear é assim... A história, eu sou de uma família de pessoas humildes, minha mãe é costureira, meu pai cortador de calçados, mas muito unidos, com muito trabalho, de tal maneira que da minha família os três entraram na Faculdade de Medicina da USP, eu e minhas duas irmãs, eu tenha uma irmã psiquiatra e uma ginecologista. Eu sempre... Eu tive sorte, sempre. Com 17 anos entrei na faculdade de Medicina. Eu não tive a mesma origem na esquerda do pessoal que veio do Partidão, minha origem foi cristã, eu fazia parte do grupo de Ribeirão, do Padre Enzo, tinham algumas pessoas muito interessantes, por exemplo, a Marilena, hoje chamada de Chauí, a Marilena, aliás, foi ela que me apresentou minha primeira mulher, com a qual eu fui preso e ela estava grávida”.
- JOSÉ LUIZ DEL ROIO – "Cristão ou católico?" CARLOS RUSSO JÚNIOR – "Eu era espírita, mas fazia parte do grupo cristão católico. Tinha, a gente começou estudando Telhard de Chardin, coisas do espiritismo. A Marilena me apresentou a Vera, que aí sim era ligada à dissidência do Partido Comunista. Eu fui gradualmente..."
- “Minha primeira mulher. Vera Engracia de Oliveira. Eu fui gradualmente sendo captado para a esquerda, que vinha do partidão, de tal maneira que, foi interessante isso, porque eu fui eleito o vice-presidente da UEE, sem oposição, fui vice-presidente da UEE eleito com os votos da esquerda católica, com os votos do Partidão e da esquerda da ALN."
- MARIA RITA KEHL (Comissão Nacional da Verdade) – “Ele era de esquerda, não é?” CARLOS RUSSO JÚNIOR – “Maravilhoso, eu estive preso com ele, ele era fundador do PT em Ribeirão, grande figura".
- CARLOS RUSSO JÚNIOR – "Foi, com choque elétrico, não passou disso. É que choque elétrico para a gente era pouco. Bom, aí eu fui torturado, só desci para a cela por volta das 4, 5 horas da manhã, a tortura foi a noite inteira. A tortura era comandada, eu fui preso pelo capitão Mauricio, eu tenho um episódio para relatar depois, sobre o Mauricio. Preso pelo capitão Mauricio Lima, estavam me esperando na minha casa."
- CARLOS RUSSO JÚNIOR – “Arruda, “Dá-lhe milho!”. "Esse cara era um carcereiro muito duro, mas ele não agredia as pessoas, a não ser nessas brincadeiras bobas. Teve caso de companheiros nossos que foram tão torturados que ele levou comida de casa para a pessoa comer, mesmo um cara duro como ele, com 30, 40 anos de polícia nas costas. Enfim, aí foi o primeiro dia. O segundo dia meu começou 7 horas da manhã, quando entrava a segunda turma, era a turma do capitão Homero Machado, capitão Homero. Um parêntese, eu voltei a encontrar o capitão Homero há dois anos, em um Picolo Oristola, é um circo italiano”.
- MARIA RITA KEHL (COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE) – “Você é médico”. CARLOS RUSSO JÚNIOR – “Não, eu sou dentista, não terminei a Medicina. Por quê? Aí tem outro ponto, vai entrar isso no blog. Vai ter outro encontro com a Operação Condor. Quando eu fui pra Argentina”...
- CARLOS RUSSO JÚNIOR – "Aí em setembro começaram as prisões da ALN, eu já estava no grupo da ALN.... "
- CARLOS RUSSO JÚNIOR – “Acho que é um luxo e posso dizer que depois de tudo o que eu passei, eu amo a vida, amo as pessoas, não me arrependo absolutamente do que eu fiz. Se me perguntarem se eu faria de novo... Não daquele modo”. MARIA RITA KEHL (COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE) – “É a mesma coisa que te perguntarem se teria 20 anos de novo, não dá. Bom, podemos desligar. Ele contou de um encontro casual num restaurante”.
O que mais nos chama a atenção é o seguinte: Quando o Carlos Russo Júnior ele disse que vinha de uma família humilde porém uma família muito unida que com muito esforço de trabalho conseguiram ele e os seus cinco irmãos entrar em uma faculdade de medicina da USP. Isto acaba sendo muito importante, porque nos mostra que sendo unidos e se com muito esforço e perseverança podemos ir além como o Carlos Russo Júnior não deixou de acreditar em seus sonhos apenas porque, a família não tinha muitas condições e ele com seus pais assim desta maneira "não podendo pagar faculdades" valorizou a família humilde em que tinha.
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